História da CDL Goiânia

No dia 23 de maio de 1961 nascia o então Clube de Diretores Lojistas de Goiânia. A idéia, implantada com sucesso em outras capitais, foi sugerida a lojistas goianienses por uma dupla de publicitários, Fued José Naciff e Jeovah da Silva Bailão. Eles, através do também publicitário Genival Rabelo, do Rio de Janeiro, tinham notícias da novidade e como eram pessoas respeitadas e influentes em Goiânia, lançaram a idéia.

"Juntamente com essa florida defesa do crédito contra o mau pagador, veio também a possibilidade de outros serviços paralelos de defesa. A conversa girou com Alcides Romão, Jeovah Bailão e Fued Naciff. Eles vieram conversar comigo, expuseram o pensamento e o serviço que estava sendo prestado em outras capitais. Nada mais era do que pegar os fichários de todos os comerciantes e colocar em uma central para que todos tivessem acesso, ao invés de cada um pedir informação loja a loja, o sujeito não queria dar, restringia", recorda-se Joaquim José da Motta Júnior, o ex-proprietário da General Novilar, a mais importante loja daquele momento.

O crediário era um sistema praticamente inexistente, muito rudimentar. Em Goiânia não se praticava vendas dessa maneira, apenas a prazo, no caderninho. Motta Júnior, em suas primeiras lojas, a General Máquinas de Costura e a General Bicicletas, foi um precursor do sistema. Das prestações mensais, ele instituiu outro sistema previsto em lei: a locação. "O indivíduo pagava a mensalidade durante um certo tempo e recebia o bem", lembra-se.

Entre as lojas mais importantes da época estavam a Jóia Lar, Casa Iracema, General Novilar, Novo Mundo, Casa Coteninga, Onogás, Casa Jaraguá, Relojoaria Arantes, Casas Hudersfield, Camisaria Gabriel, Pacheco Modas, Lojas Garcia, Goiás Motor, Radio Lar, etc. Todos esses comerciantes foram visitados por uma comissão formada, além de Fued Naciff e Jeovah Bailão, pelos empresários Joaquim José da Motta Júnior, Ciro José Xavier e Alcides de Araújo Romão.

Na linha de frente do convencimento, a idéia de congregar o comércio varejista através de uma entidade onde todos pudessem trocar idéias e promover coletivamente vendas através da troca de informações sobre fregueses. Era um tempo em que imperava o salve-se quem puder. O lema entre os comerciantes era: o segredo é a alma do negócio.

Esse comportamento arcaico sofreu um empurrão de desenvolvimento com a vinda a Goiânia de Genival Rabelo, um profundo conhecedor de vendas a varejo. Muito respeitado no eixo Rio-São Paulo, era criador e proprietário das revistas Propaganda e Negócios e Vendas a Varejo que tinham como representante em Goiânia Fued Naciff. Após convencer um grupo de empresários da cidade, a comissão idealizadora do CDL convidou Genival a fazer uma palestra no Hotel Bandeirante sobre as vantagens de criação da entidade, assunto que ele dominava bem já que havia ajudado a fundar o clube do Rio de Janeiro.

A revolução que se pretendia fazer era usar o lema novo que já se descortinava para as entidades de classe: Unidos Servimos Melhor. Esse slogan constava dos impressos da entidade carioca e foi apresentado por Genival Rabelo aos lojistas goianienses. "O pessoal que esteve lá topou a idéia. A partir daí visitamos não uma, mas várias vezes os comerciantes para explicar a sua importância. O Genival voltou a Goiânia outras vezes trazendo incentivos", contou Fued Naciff.

"A indústria já se protegia, o alto comércio também, mas o pequeno varejo não. Veio a proposta do Serviço de Proteção ao Crédito. Genival Rabelo fez uma bonita apresentação do que seria o Clube dos Diretores Lojistas, que eram formados por apenas 50 membros", lembra Joaquim José da Mota Júnior.

Fued Naciff lembrava que na década de 60 havia em Goiânia um comércio dinâmico. "Explicamos a necessidade do Serviço de Proteção ao Crédito. As firmas que tinham iniciado o crediário, como a General Novilar, sentiam problemas com o atraso de pagamento. Essa era a mensagem que nós levávamos", conta Naciff.

O estatuto do Clube de Diretores Lojistas foi adaptado da entidade carioca. O clube previa a criação de um departamento que se encarregaria de avisar para os outros sobre o cliwente que comprou e não pagou. Mas o objetivo maior era prestar informação sobre aquele que pagou sem problemas. “O convencimento não foi feito de imediato, então o clube foi fundado na expectativa de que o comerciante participasse de reuniões festrivas durante as quais seriam trocadas idéias”, contou Ney Castro, um dos comerciantes que participou ativamente da idéia de criação da CDL.

Alcides de Araújo Romão, sócio da General Novilar, foi escolhido o primeiro presidente do Clube de Diretores Lojistas, cuja denominação foi alterada para Câmara em 1995, a exemplo de suas congêneres. Ao proporcionar prerrogativas legais para a representação política, a mudança fez surgir uma entidade ainda mais forte: reivindicadora, respeitada pela sociedade e pelos agentes políticos.



Foi durante a 35ª Convenção Nacional do Comércio Lojista, realizada em Goiânia em 1994, que houve a alteração do nome Clube de Diretores Lojistas para a Câmara de Dirigentes Lojistas.

A mudança foi importante em termos de representatividade, tendo em vista que alguns juízes interpretavam a entidade como um clube sem prerrogativas legais de representação política.

A partir deste momento, a entidade se firmou como órgão classista e reivindicador.