ComCDL - 11/05/2010

Vitrines devem funcionar como um convite irrecusável


A escolha dos produtos expostos na vitrine deve fazer parte da estratégia de uma loja
Lembra daquele vendedor que ficava na porta da loja convidando as pessoas para entrar? Faz tempo que o varejo desistiu dessa estratégia, até mesmo porque esse papel passou a ser executado exclusivamente pela vitrine, uma ferramenta de venda muito mais eficaz e bem menos inconveniente. Quando elaborada de forma correta, a vitrine funciona como um vendedor silencioso com um convite irrecusável para entrar na loja. Sua função é conquistar o consumidor pelo olhar e deixar um gostinho de "quero ver mais". "Se não soubermos cativar o público pelo olhar, será difícil vender", sentencia Regina Blessa, autora do livro Merchandising no ponto-de-venda.

A vitrine é mesmo uma das mais poderosas ferramentas de comunicação do varejo. De acordo com a designer Silmara Carreiro, da NT Vitrina, empresa especializada em merchandising visual, a vitrine responde, em média, por 50% das vendas de uma loja. "Em alguns segmentos, esse percentual pode chegar a 80%", destaca a profissional, que tem entre seus clientes grandes redes como Zara e Crawford. Além de trazer um resultado fantástico, a vitrine ainda é uma ferramenta de marketing com produção bem mais barata do que mídias tradicionais como rádio, televisão, jornal e revista. Outra vantagem é sua flexibilidade. Se não funcionou, é fácil mudar.

E nesse aspecto a vitrine ainda tem outro ponto positivo: a rapidez em visualizar o impacto que a ferramenta exerce no público-alvo. A resposta do cliente é dada na hora, o que também dá margem para fazer ajustes com mais eficiência. Por isso, vendedores, gerentes e proprietários de loja devem ficar muito atentos ao comportamento do consumidor. Sempre que possível, anote quantas pessoas entraram na loja em função do que viram na vitrine. Se ninguém parar para olhar nada, mude logo, é sinal que a produção não cumpriu com o objetivo de atrair o cliente. Lembre-se: medir resultados é imprescindível em qualquer estratégia.

Mas para que uma vitrine traga bons resultados, ela tem que ser um retrato do negócio. Ao bater o olho, o cliente tem que perceber o que a loja vende e quem é seu público-alvo. Assim, não adianta fazer uma vitrine sofisticada se os produtos que você vende são populares, e vice-versa. As informações contidas na arrumação da vitrine têm que estar sintonizadas com o interior do ponto-de-venda. "A cada dia mais se coordena a decoração das vitrines com o ambiente interno da loja, fazendo com que o cliente não perca o "clima" ao entrar na loja e continue sendo seduzido", afirma Silmara.

Alguns cuidados são importantes na hora da montagem efetiva da vitrine. O primeiro passo é certificar-se de que a estrutura do espaço permite uma boa produção. Uma dica é usar materiais versáteis e cores neutras no piso, nas paredes e no teto. Elas permitem diferentes composições sem grandes investimentos. Segundo Silmara, essa questão é fundamental ao preparar a loja para o verão, uma temporada comprida, com cerca de seis meses. A designer explica que cores em excesso podem cansar rapidamente. Em geral, os vitrinistas recomendam não passar de três cores. Se quiser quebrar a regra, escolha um especialista no assunto. Com relação aos materiais, prefira aqueles que aceitam furos, colagens e pinturas.

Foco certo
Outro item que merece cuidado ao montar uma vitrine é a iluminação. "É a cereja do bolo", resume Silmara. A designer recomenda mesclar a iluminação geral do espaço com luzes focadas nos produtos em exposição. Parece óbvio, mas é comum ver vitrines com foco nos elementos cenográficos. Imagine o cliente entrando na loja interessado no vaso ou na cadeira que você colocou para compor o ambiente. Para evitar situações como essa, adote a seguinte regra como dica: nunca apoie o preço de um produto sobre o item de decoração. Por falar em preços, não deixe de colocá-los na vitrine. Primeiro porque é lei do Código de Defesa do Consumidor e, segundo, porque omiti-lo pode fazer o cliente desistir da compra.

Divulgação Para Regina Blessa, esconder o valor dos produtos é um dos maiores erros no varejo brasileiro. "O lojista que pensa que dessa forma vai "grampear" o cliente que entrou na loja para perguntar o preço está na idade da pedra. Para cada "trouxa" que entra, 20 vão embora por não querer pagar mico e por entender que só omite preço quem tem motivo", afirma. Há outras armadilhas que podem frustrar o cliente e fazê-lo ir embora. Entre elas, a falta em estoque do produto exposto na vitrine. Por isso, antes de escolher o que você vai apresentar, informe-se sobre numeração e cores disponíveis. "Nunca esqueça de comunicar na parte de dentro da loja o que foi anunciado na vitrine", recomenda Regina.

Criatividade é a chave para montar uma vitrine eficiente sem gastar muito
Outro erro comum é o excesso de produtos em exposição. Muitos itens na vitrine provocam poluição visual, confundindo o cliente. Não há uma regra sobre a quantidade de peças por metro quadrado, tudo depende de como as mercadorias são colocadas. Se quiser mostrar variedade de itens e cores, aposte no uso de materiais de apoio que ajudam a organizá-los, como manequins, araras, cabides, painéis e cubos. Outra dica: peças no chão geralmente desvalorizam o produto. No caso de uma loja de decoração ou moda, escolha itens conceituais para mostrar na vitrine. São elas que traduzem a coleção e fazem com que o cliente se interesse por conhecer mais no interior da loja.

Ainda com relação aos produtos expostos na vitrine, certifique-se de que eles estão em boas condições. No caso de roupas, por exemplo, as peças devem estar limpas, passadas e bem arrumadas. "Tudo tem que ficar impecável. Andando no comércio, a gente percebe muitos lojistas que limpam a loja inteira, mas esquecem a vitrine empoeirada", comenta Silmara. Cuidado também com o acabamento da produção. Um rolo de fita-crepe esquecido no canto pode passar a imagem de desleixo e acabar com uma produção inteira. Aliás, a escolha dos materiais é importante para a coerência da mensagem que a loja quer passar. "Cetim ou papel crepom empobrecem e não melhoram o aspecto visual dos produtos expostos", afirma Regina.

Simples e barato
Para Silmara, é possível fazer uma decoração interessante gastando pouco. "Pode-se abusar de adesivos de recorte de vinil e impressão digital – que eu adoro e sempre uso – e muita forração nos pisos das vitrines com corinos, plásticos e afins, que são baratos e dão um acabamento perfeito", sugere. Segundo a designer, até mesmo as tradicionais produções das vitrines da década de 1970 e 1980, com roupas presas por alfinetes, podem render bons resultados. Basta fazer uma releitura e iluminar os painéis de forma que a roupa seja um elemento decorativo de destaque. Ainda no caso de uma loja de confecção, peças flutuando em cabides pendurados ao teto dão um efeito bonito com um custo baixo.

Não custa lembrar: vitrine exige renovação. Uma vitrine estática perde a função de causar impacto e a vontade de conferir o interior da loja. Procure fazer um planejamento anual, tomando como base o calendário promocional do varejo. E nunca esqueça de mudar a vitrine no dia seguinte às datas comemorativas. Com relação às produções fora do calendário, a duração depende de vários fatores, como segmento de atuação e fluxo de consumidores. Mas de um modo geral troque as peças a cada 15 dias. O cenário pode se manter por mais tempo. O ideal é que o cliente fique sempre com a impressão de estar vendo coisas novas. E se ele entrar na loja depois de conferir a vitrine, comemore – o convite foi aceito.

Dicas úteis
1. Escolha materiais versáteis e cores neutras para teto, parede e piso;
2. Monte uma vitrine criativa, escolha um tema que encante seu cliente;
3. Selecione lançamentos ou itens que você queira vender para expor;
4. Não coloque muitas peças na vitrine para não poluir o ambiente;
5. Certifique-se de que os itens expostos estão em bom estado;
6. Utilize materiais de apoio como manequins, cubos, araras e outros expositores;
7. Capriche na iluminação do ambiente e invista em luminárias com foco nas peças;
8. Renove a vitrine, não deixe que ela fique velha aos olhos do seu cliente.

Fonte: Portal CNDL