A Gerência de Relacionamentos da CDL Goiânia realizou em abril último a segunda edição da pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor. Foram entrevistados 357 consumidores que buscaram informações junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) na capital. Entre os entrevistados, 70,03% eram do sexo masculino e 29,97% do sexo feminino. Entretanto, apesar da alta procura dos homens pelos postos de atendimento, a inadimplência está mais vinculada ao público feminino. E não somente ela, mas também a recuperação de crédito e o volume de vendas num total aproximado de 55%.
Em geral 30,81% possuem o nome incluso no SPC há menos de 1 ano e 21,29% de 1 a 2 anos. Ou seja, mais de 50% dos entrevistados pertencem ao universo de inadimplentes contabilizados pelo SPC num período de até dois anos.
Outras revelações da pesquisa
· Três principais fatores que provocam a inadimplência: desemprego (19,24%); descontrole do gasto (17,97%); ser avalista ou emprestar o nome (13,42%).
· O consumidor inadimplente está na faixa etária de 21 a 40 anos (65%); tem renda mensal familiar entre 2 e 4 salários mínimos (61,9%); em 50,87% dos casos a forma de pagamento utilizada foi carnês/faturas; possui em média de 1 a 6 prestações em atraso (35,44%) e o valor delas está na casa dos R$ 200,00 (55,12%).
· Principais produtos que causaram o endividamento: contas telefônicas, fixo e celular; roupas; calçados; e contratação de empréstimos.
· Os 49% que disseram ter contratado dívidas afirmaram que foi para pagar dívidas.
· Entre os entrevistados, 82,63% afirmaram que o nome incluso no SPC atrapalha, pois não conseguem fazer compras a prazo.
· A grande maioria, 79,78%, pretende renegociar as dívidas e começar a quitar os débitos nos próximos 30 dias com seu próprio salário. Entretanto, 17,13% não pretendem pagar a dívida por não concordarem com ela ou por não possuir recursos suficientes para esse fim.
· Após retirar o nome do banco de dados do SPC, 49,48% pretendem fazer novas compras a prazo num prazo de três meses. Outros 47,04% disseram que vão ficar longe das compras e 3,48% não sabem.
· As próximas compras em vista pelos entrevistados: automóvel (34,78%), eletrodomésticos e eletrônicos (20,29%) e 9,42% (imóveis), entre outros.
· Controle de gastos: 29,62% disseram que pretendem controlar os gastos para evitar a inadimplência no próximo ano.
· Apesar de o nome ter sido incluso no SPC, a maioria dos entrevistados mostra otimismo: 66,11% avaliaram que a situação financeira melhorou em comparação ao ano passado. Motivos: troca de emprego, qualificação profissional, aumento da renda e facilidade de fazer compras.
Análise
“Os entrevistados que têm o hábito de contratar empréstimos para quitar dívidas trocam uma dívida por outra. Quando uma pessoa se encontra endividada, trocar uma dívida com alta taxa de juros por outra com menor taxa é uma atitude inteligente, mas se iludir com esse crédito, em decorrência do descontrole dos gastos causado principalmente pelas compras por impulso, amplia a possibilidade de agravar ainda mais a situação financeira do consumidor intensificando seu nível de endividamento.
Muitos dos consumidores entrevistados não possuem um planejamento financeiro, não o conhece, e nem se quer sabem o que ele significa. A sua falta, no entanto, causa prejuízos, como o descontrole dos gastos, endividamento e, por fim, a inadimplência”.
Paula Gonçalves - Estagiária de Economia e executora da pesquisa